A crise econômica por uma leiga

A marolinha do presidente se revelou uma ressaca (pra não dizer tsunami, melhor abrasileirar um pouco), como os olhos de ressaca de Capitu. È claro que o país parece estar bem preparado pra passar por cima da crise, temos um sistema bancário sólido; comércio variado, exportamos desde o nosso bom e velho café até aviões de ultima geração. Esse fato pode ser o que nos sustente porém não se pode ser totalmente positivo nesse momento.
Luis Carlos Bresser Pereira (reconheceu o sobrenome não é? Esse mesmo, o cara do Plano Bresser do governo Sarney), que foi ex-presidente do BNDES, em um artigo para a Folha de S.Paulo escreveu sobre a queda nos investimentos que no mesmo período do ano passado chegavam a 19,6% e atualmente não passam de 4%. Um outro fato que observamos todos os dias na Bolsa de Valores de São Paulo é que cada dia ela tem menos pontos. A Bolsa paulista já chegou a negociar 60.000 pontos, ontem (27/03/09) negociou pouco mais de 47.000 pontos, mas chegou a baixar a 38.000.
A crise se iniciou com a supervalorização dos imóveis americanos, ajudados pelo credito farto dos bancos. O povão americano foi a loucura e refinanciaram as hipotecas e em troca disse refinanciamento recebiam dinheiro em troca. Para ter mais dinheiro os bancos criaram os tais títulos lastreados em hipotecas (uma espécie de nota promissória), e venderam esses títulos a outros investidores que fizeram a mesma coisa e com isso ia se formando a bola de neve. Basicamente um banco pequeno vendia a um banco maior que o seu os títulos pra ter mais dinheiro. Por sua vez esses bancos que compraram vendiam os títulos a bancos maiores ainda e assim foi.
A inflação americana começou a subir, os juros dispararam e os preços dos imóveis caíram. Quem tinha refinanciado a hipoteca não tinha mais como pagar, e a inadimplência aumentou, os bancos que mais refinanciaram quebraram devido a inadimplência. Com isso começou uma crise de confiança isto é, os bancos grandes não confiavam nos menores para fazer empréstimos.
O mais engraçado disso tudo é que a economia americana já estava em recessão há dois anos. E desde 2003 o Federal Reserve (o Banco Central Americano), já estava aumentando gradativamente os juros. O governo Bush nada fez afinal o neoliberalismo é o que manda por lá, deixou que a mão invisível da economia ajeitasse as coisas. Com a quebra dos bancos no fim de seu mandato, Bush resolveu intervir na economia, injetou bilhões de dólares, que não adiantaram de nada. Obama injetou mais U$819 bilhões de dólares, mas até agora ninguém parece confiante.
Mas tudo isso parece estranho aos olhos brasileiros, afinal de contas o que temos a ver com os americanos que não conseguem pagar suas hipotecas? Pois vivemos em um mundo globalizado e com uma crise de confiança o dinheiro não circula, os países passaram a ter medo de investir. Grandes empresas brasileiras que dependiam de financiamento externo passaram a encontrar menos linhas de créditos disponíveis. Com isso os projetos que iriam gerar mais empregos e mais dinheiro para o país não saíram do papel.
Com a falta de compradores, o Brasil acabou sendo atingido na queda das exportações, carros ficaram parados nos pátios das montadoras. Para não ter mais percas o setor automotivo diminuiu em quase 40% a produção segundo o IBGE.
Com isso instala-se um ciclo sem fim: com medo de a crise financeira aumentar, os investidores tiram o dinheiro das Bolsas, considerados investimentos de risco. Então, faltam recursos para as empresas investirem e a crise aumenta o que faz os investidores tirarem mais dinheiro. As commodities são as mais afetadas, a Vale, Petrobrás já tiveram enormes percas e elas são as responsáveis por mais da metade do dinheiro movimentado na Bovespa.
Aos meus olhos essa crise deve estar na metade, parece que o pior já passou, mas vai saber. O que nos resta é rezar pra não piorarem as coisas por lá, porque se isso acontecer por aqui as conseqüências serão ainda piores.

Camila B.