quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Sobre vidas passadas

O que pode explicar esse sentimento que vem dentro de mim, parece que eu estive em todos eles. Estive quando Imre Nagy caiu. Entrei vitoriosa em Havana enquanto Batista saia pelas portas dos fundos. Mas estava também em La Higuera quando Che morreu, e morria com ele. Ou talvez estivesse morrendo lutando pelo MPLA. Ou com Xanana, morria no Timor.
Talvez em 1968 eu tenha morrido...morri na esquina do mundo, enquanto começava a Primavera de Praga, ou quando os vietcongs atacavam a embaixada americana; ou eu era Edson Luis, que morreu no Restaurante Calabouço; ou eu era Martin Luther King; mas poderia ser uma estudante francesa que morreu no Maio de 68;ou era uma mexicana que morreu no Massacre de Tlateloco; ou fui presa em Ibiúna e morta nos porões da ditadura; ou eu vi o AI-5.
É difícil entender como tantas idiotas puderam acontecer nesse mundo, em um século aconteceram mais barbáries que nos últimos dois milênios. Homens que só pensam em armas, em dinheiro e em achar que os que tem menos dinheiro que ele são seus servos. Como podemos abaixar a cabeça para um grande filho da puta. Considerar que são irmãos só porque estamos no mesmo continente? Ninguém é irmão de ninguém, e esse mundo é uma grande mentira. O que importa mesmo é ter dinheiro pra pagar e estar enquadrado.
E sinto que passei por todos esses momentos, em vidas passadas passei.
Camila B.

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